terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Por que o Natal?



Miguel Levy
Ano após ano vemos o natal de forma cada vez mais diferente. Longe, bem longe de todo o romantismo que envolvia as comemorações natalinas, com ceia em família, troca de presentes, um tempo para meditar no nascimento de Jesus (mesmo que fosse anualmente, ainda havia este tempo). O natal passou a ser um tempo de pressão estresse e extrema competitividade. De um lado o comércio querendo bater recordes e superar as marcas do ano anterior e do outro, nós, tentando comprar pelo menos o mesmo do ano anterior com recursos mais escassos. Para muitos, o natal tornou-se um tempo de desgaste. Após intensas peregrinações e verdadeiras batalhas para conseguir uma peça de roupa razoável em meio as que estão com etiquetas promocionais, no dia de Natal, ao invés de festejar muitos só estão pensando em descansar da maratona e nas imensas contas e compromissos gerados para o próximo ano.

Para mudar um pouco, tirar cinco minutos para pensar no porquê do natal pode valer a pena. Por que o natal? Mas vamos pensar no significado que esta data representa para os cristãos. Vamos pensar no natal como a comemoração do nascimento de Jesus. Não vamos pensar se foi em dezembro, setembro ou outro mês. Para evitar discussões vamos pensar na data que foi escolhida para este fim.

Inicialmente temos que admitir que todas as coisas estão no controle do nosso Deus. O criador de todas as coisas que não deixou que nas escapasse ao seu controle, onde tudo coopera para a realização do seu propósito.

Na Bíblia, no livro de Apocalipse, capítulo treze, no verso oito diz que o Cordeiro FOI morto desde a criação do mundo. Pensando nisto, entendemos que uma vez que a morte do cordeiro já estava determinada era muito lógico que o seu nascimento acontecesse antes de sua morte.

O profeta Isaías revelou a vontade de Deus sobre o nascimento de Jesus quando disse: “Porque um menino nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Is 9:6). A Palavra de Deus certamente se cumpriria. O natal, que remete-se ao nascimento, ao natalício de Jesus já era um fato antes da fundação do mundo, pois era parte do plano e vontade soberana de Deus.

O nascimento de Jesus daria a nós todos a grande oportunidade de conhecer o nosso criador através da maneira mais direta e verdadeira, pelo seu unigênito filho. Contudo, o processo de nascimento não seria fácil, mas foi resolvido. Em Filipenses capítulo dois, vemos o Deus se movimentando em direção ao homem de uma forma assombrosamente simples, nos dando a grande lição que precisamos aprender para alcançar os propósitos do Pai. Sendo Deus, não se prevaleceu desta condição para pular etapas do processo. Negou a sí mesmo, se esvaziou, assumiu a forma de homem e se humilhou até a sua morte, e como se não bastasse ter descido tanto, da posição de Deus para a posição de homem, teve a pior e mais humilhante morte do seu tempo e ainda desceu mais até chegar ao inferno onde a igreja estava aprisionada para enfim, resgatá-la.

Parece até uma supervalorização do tema. Natal é o nascimento de Jesus, apenas isto. Mas desconsiderar o plano principal do qual o natal é apenas um detalhe pode nos desviar do grande propósito de Deus, se revelar em Cristo.

O natal, representa para nós cristãos, o nascimento daquele que veio por fim a uma era onde o homem sempre estava no atraso convivendo com a consciência de culpa por não poder cumprir a Lei imposta pelo próprio Deus para nos ensinar que nunca poderíamos ser merecedores de Deus pelas nossa obras. É o amor revelado em sua graça divina que através da fé nos tornariam filhos assim como Jesus.

A Lei era clara em suas consequências para os devedores que não tinham condições de pagar a seus credores. Quem não pagava suas dívidas dava direito ao seu credor em levar seus parentes como escravos até que a dívida fosse paga completamente.

O homem, após ter pecado, deu ao diabo este direito e como não tinha condição de pagar o preço pela remissão plena dos seus pecados tornou-se escravo do diabo. Uma situação que para todos era dada como definitiva, pois a própria Lei garantia isto e como Deus não quebra suas leis, nada mais natural do que concluir que o homem seria um eterno devedor pelos seus pecados, que na melhor das hipóteses eram aliviados por um ano quando os sacerdotes ofereciam sacrifício de animais como expiação dos pecados do povo. Mas estes sacrifícios eram imperfeitos, pois não havia sangue puro o suficiente para torna-lo definitivo.

Mas na própria lei, ainda havia uma possibilidade de libertação do home de seu cativeiro. No ano do Jubileu, um parente poderia resgatar escravo ou devedor, oferecendo pagamento pela sua dívida (Lv 25:25) e assim resgatá-lo. O problema para nós era quem seria este parente? Quem seria este homem sem pecado, que tivesse um sangue puro para pagar pelos pecados de toda a humanidade uma vez que todos os homens já nasciam no pecado e assim só aumentavam a família de escravos. Precisaria de um parente, um homem, um membro da humanidade, um irmão perfeito que fosse humano mas sem ter nascido no pecado do próprio homem. Combinação difícil.

O nascimento de Jesus não foi um fato comum. A sua concepção como homem foi obra de Deus que tomou todos os cuidados para que o seu propósito fosse cumprido. Em Lucas capítulo primeiro, um anjo chamado Gabriel anunciou a Maria, uma jovem noiva de José, que em seu ventre seria gerado um filho e que este filho não seria gerado a partir da SEMENte de José, mas sim pelo Espírito Santo de Deus, e que ela daria luz a este menino, humano, que seria chamado Filho do Altíssimo, seria nome seria Jesus.

O fato de Jesus ter sido gerado em Maria pelo Espírito Santo o eximiu de qualquer contaminação com o pecado já empregnado na natureza do homem desde Adão. Ele foi gerado de uma semente sem pecado, se desenvolveu no ventre de uma mulher e nasceu como um ser humano. Um ser humano sem pecado. Pronto. Agora temos um parente, um homem, um irmão que pode fazer valer a Lei e nos resgatar legalmente da escravidão do pecado.

Jesus nasceu porque precisava morrer, pois só pela sua morte através do seu sangue derramado poderia pagar o preço pela nossa redenção.  Morreu porque precisava ressuscitar, e com ele nos levantar juntos (Cl 3), para que agora, como sua igreja, possamos estar sentados ao seu lado, triunfantes nas regiões celestes.

Feliz Natal.

Um comentário:

Junior Firmino disse...

Texto rico e próprio para meditarmos neste dia tão significativo. Abração meu amigo Pr Levy!